O que quer dizer Quaresma?
A palavra
Quaresma vem do latim quadragésima e é utilizada para designar o período de
quarenta dias que antecedem a festa ápice do cristianismo: a ressurreição de
Jesus Cristo, comemorada no famoso Domingo de Páscoa. Esta prática data desde o
século IV.
Na quaresma, que
começa na quarta-feira de cinzas e termina na quinta-feira (até a Missa da Ceia
do Senhor, exclusive - Diretório da Liturgia - CNBB) da Semana Santa, os
católicos realizam a preparação para a Páscoa. O período é reservado para a
reflexão, a conversão espiritual. Ou seja, o católico deve se aproximar de Deus
visando o crescimento espiritual. Os fiéis são convidados a fazerem uma
comparação entre suas vidas e a mensagem cristã expressa nos Evangelhos. Esta
comparação significa um recomeço, um renascimento para as questões espirituais
e de crescimento pessoal. O cristão deve intensificar a prática dos princípios
essenciais de sua fé com o objetivo de ser uma pessoa melhor e proporcionar o
bem para os demais.
Essencialmente, o período é um retiro espiritual voltado à reflexão, onde os
cristãos se recolhem em oração e penitência para preparar o espírito para a
acolhida do Cristo Vivo, Ressuscitado no Domingo de Páscoa. Assim, retomando
questões espirituais, simbolicamente o cristão está renascendo, como Cristo.
Todas as religiões têm períodos voltados à reflexão, eles fazem parte da
disciplina religiosa. Cada doutrina religiosa tem seu calendário específico
para seguir. A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa luto e
penitência.
Cerca de duzentos
anos após o nascimento de Cristo, os cristãos começaram a preparar a festa da
Páscoa com três dias de oração, meditação e jejum. Por volta do ano 350 d. C.,
a Igreja aumentou o tempo de preparação para quarenta dias. Assim surgiu a
Quaresma.
Qual o significado destes 40
dias?
Na Bíblia, o
número quatro simboliza o universo material. Os zeros que o seguem significam o
tempo de nossa vida na terra, suas provações e dificuldades. Portanto, a
duração da Quaresma está baseada no símbolo deste número na Bíblia. Nela, é
relatada as passagens dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de
peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e de Elias
na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua
vida pública, dos 400 anos que durou a estada dos judeus no Egito, entre
outras. Esses períodos vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam
com a necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o coração para
algo que vai acontecer.
O que os cristãos devem fazer
no tempo de Quaresma?
A Igreja católica
propõe, por meio do Evangelho proclamado na quarta-feira de cinzas, três
grandes linhas de ação: a oração, a penitência e a caridade. Não somente
durante a Quaresma, mas em todos os dias de sua vida, o cristão deve buscar o
Reino de Deus, ou seja, lutar para que exista justiça, a paz e o amor em toda a
humanidade. Os cristãos devem então recolher-se para a reflexão para se
aproximar de Deus. Esta busca inclui a oração, a penitência e a caridade, esta
última como uma conseqüência da penitência.
Ainda é costume jejuar durante
este tempo?
Sim, ainda é
costume jejuar na Quaresma, ainda que ele seja válido em qualquer época do ano.
A igreja propõe o jejum principalmente como forma de sacrifício, mas também
como uma maneira de educar-se, de ir percebendo que, o que o ser humano mais
necessita é de Deus. Desta forma se justifica as demais abstinências, elas têm
a mesma função.
Oficialmente, o
jejum deve ser feito pelos cristãos batizados, na quarta-feira de cinzas e na
sexta-feira santa. Pela lei da igreja, o jejum é obrigatório nesses dois dias
para pessoas entre 18 e 60 anos. Porém, podem ser substituídos por outros dias
na medida da necessidade individual de cada fiel, e também praticados por
crianças e idosos de acordo com suas disponibilidades.
O jejum, assim
como todas as penitências, é visto pela igreja como uma forma de educação no
sentido de se privar de algo e reverte-lo em serviços de amor, em práticas de
caridade. Os sacrifícios, que podem ser escolhidos livremente, por exemplo: um
jovem deixa de mascar chicletes por um mês, e o valor que gastaria nos doces é
usado para o bem de alguém necessitado.
O que é a Campanha da
Fraternidade?
O percurso da
Quaresma é acompanhado pela realização da Campanha da Fraternidade – a maior
campanha da solidariedade do mundo cristão. Cada ano é contemplado um tema
urgente e necessário.
A Campanha da
Fraternidade é uma atividade ampla de evangelização que ajuda os cristãos e as
pessoas de boa vontade a concretizarem, na prática, a transformação da
sociedade a partir de um problema específico, que exige a participação de todos
na sua solução. Ela tornou-se tão especial por provocar a renovação da vida da
igreja e ao mesmo tempo resolver problemas reais.
Seus objetivos
permanentes são: despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus,
comprometendo, em particular, os cristãos na busca do bem comum; educar para a
vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor: exigência central do
Evangelho. Renovar a consciência da responsabilidade de todos na promoção
humana, em vista de uma sociedade justa e solidária.
Os temas
escolhidos são sempre aspectos da realidade sócio-econômico-política do país,
marcada pela injustiça, pela exclusão, por índices sempre mais altos de
miséria. Os problemas que a Campanha visa ajudar a resolver, se encontram com a
fraternidade ferida, e a fé, tem o compromisso de restabelecê-la. A partir do
início dos encontros nacionais sobre a CF, em 1971, a escolha de seus temas vem
tendo sempre mais ampla participação dos 16 Regionais da CNBB que recolhem
sugestões das Dioceses e estas das paróquias e comunidades.
Neste ano de 2013 a CF apresenta o tema: FRATERNIDADE E JUVENTUDE e tem como lema o texto do profeta Isaias "Eis-me aqui, envia-me!" (Is 6,8). Um tema muito propício, sobretudo neste ano do JMJ no Brasil.
Neste ano de 2013 a CF apresenta o tema: FRATERNIDADE E JUVENTUDE e tem como lema o texto do profeta Isaias "Eis-me aqui, envia-me!" (Is 6,8). Um tema muito propício, sobretudo neste ano do JMJ no Brasil.
Como começou a Campanha da
Fraternidade?
Em 1961, três
padres responsáveis pela Cáritas Brasileira idealizaram uma campanha para
arrecadar fundos para as atividades assistenciais e promocionais da instituição
e torná-la autônoma financeiramente. A atividade foi chamada Campanha da
Fraternidade e realizada pela primeira vez na quaresma de 1962, em Natal-RN,
com adesão de outras três Dioceses e apoio financeiro dos Bispos
norte-americanos. No ano seguinte, 16 Dioceses do Nordeste realizaram a
campanha. Não teve êxito financeiro, mas foi o embrião de um projeto anual dos
Organismos Nacionais da CNBB e das Igrejas Particulares no Brasil, realizado à
luz e na perspectiva das Diretrizes Gerais da Ação Pastoral (Evangelizadora) da
Igreja em nosso País.
Este projeto se
tornou nacional no dia 26 de dezembro de 1963, com uma resolução do Concílio
Vaticano II, a maior e mais importante reunião da igreja católica. O projeto
realizou-se pela primeira vez na quaresma de 1964. Ao longo de quatro anos
seguidos, por um período extenso em cada um, os Bispos ficaram hospedados na
mesma casa, em Roma, participando das sessões do Concílio e de diversos
momentos de reunião, estudo, troca de experiências. Nesse contexto, nasceu e
cresceu a Campanha da Fraternidade.
Qual é a relação entre
Campanha da Fraternidade e a Quaresma?
A Campanha da
Fraternidade é um instrumento para desenvolver o espírito quaresmal de
conversão e renovação interior a partir da realização da ação comunitária, que
para os católicos, é a verdadeira penitência que Deus quer em preparação da
Páscoa. Ela ajuda na tarefa de colocar em prática a caridade e ajuda ao
próximo. É um modo criativo de concretizar o exercício pastoral de conjunto,
visando a transformação das injustiças sociais.
Desta forma, a
Campanha da Fraternidade é maneira que a Igreja no Brasil celebra a quaresma em
preparação à Páscoa. Ela dá ao tempo quaresmal uma dimensão histórica, humana,
encarnada e principalmente comprometida com as questões específicas de nosso
povo, como atividade essencial ligada à Páscoa do Senhor.
Quais são os rituais e
tradições associados com este tempo?
As celebrações
têm início no Domingo de Ramos, ele significa a entrada triunfal de Jesus, o
começo da Semana Santa. Os ramos simbolizam a vida do Senhor, ou seja, Domingo
de Ramos é entrar na Semana Santa para relembrar aquele momento.
Depois,
celebra-se a Ceia do Senhor, realizada na quinta-feira santa, conhecida também
como o lava pés. Ela celebra Jesus criando a eucaristia, a entrega de Jesus e
portanto, o resgate dos pecadores.
Depois, vem a
celebração da Sexta-feira da Paixão, também conhecida como sexta-feira santa,
que celebra a morte do Senhor, às 15 horas. Na sexta à noite geralmente é feita
uma procissão ou ainda a Via Sacra, que seria a repetição das 14 passagens da
vida de Jesus.
No sábado à
noite, o Sábado de Aleluia, é celebrada a Vigília Pascal, também conhecida como
a Missa do Fogo. Nela o Círio Pascal é acesso, resultando as cinzas. O
significado das cinzas é que do pó viemos e para o pó voltaremos, sinal de
conversão e de que nada somos sem Deus. Um símbolo da renovação de um ciclo. Os
rituais se encerram no domingo, data da ressurreição de Cristo, com a Missa da
Páscoa, que celebra o Cristo vivo.
Fonte: CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Arquidiocese de São Paulo - Vicariato da Comunicação
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