MARIA
E AS VOCAÇÕES
(Pe.
Valdir Antonio Riboldi – Assessor da Equipe Diocesana de Animação Vocacional)
Olhemos
para Maria e procuremos refletir sobre o tema: “Maria e as Vocações”, com a
finalidade de iluminar, não a vocação dela, mas a nossa. Afinal, ela é um
explendido modelo para toda e qualquer vocação.
A
vocação de Maria, enquanto chamado, está descrita em Lucas 1,26-38. Trata-se do
texto conhecido como “anúncio do anjo a Maria”. Mas enquanto resposta, a
vocação de Maria aparece neste mesmo texto e em muitas outras situações do Novo
Testamento (quatro Evangelhos, Atos dos Apóstolos e Apocalípse, principalmente).
A história de suas aparições nos diversos tempos e lugares do mundo, com suas
mensagens também poderia servir de base para a compreensão da Vocação de Maria
na linha da Sua Missão que ainda não acabou, mesmo se ela já está na glória, em
plena comunhão com a Santíssima Trindade. Neste espaço veremos apenas algumas
características do chamado e da resposta
de Maria diante de Deus. Certamente
estes poucos acenos poderão nos ajudar a olhar para a nossa vocação com mais
carinho e responsabilidade.
Primeira
característica: A iniciativa do chamado é sempre de Deus: “O anjo Gabriel foi
enviado por Deus... “ (Lc 1,26); O anjo toma a iniciativa do diálogo. É sempre
assim. Jesus dirá mais tarde: “não fostes vós que me escolhestes, fui eu que
vos escolhei”.
Segunda
característica: Maria, a destinatária do chamado divino, não é uma pessoa do
“oba-oba”, mas alguém reflexiva, ponderada, prudente. Ela não responde ao anjo
de forma precipitada mas quer entender bem a proposta e como as coisas haverão
de acontecer. Ela pergunta, analisa, reflete e amadurece sua decisão em um processo
no qual pondera de forma responsável o que de fato lhe está sendo proposto. Em
um primeiro momento fica perturbada e em um segundo pergunta “como se fará
isso” já que para ser mãe precisa da participação de um homem e ela se havia
consagrado a Deus. É verdade que ela era noiva de José, mas, segundo sérias
interpretações, ambos teriam feito voto de virgindade consagrando sua
sexualidade a Deus.
Terceira
característica: Maria é mulher do silêncio e da oração. “Maria, porém,
conservava todos esses fatos e os meditava em seu coração” (Lc 2,19). Sem a
interioridade, sem o cultivo de um contínuo diálogo com Aquele que é a fonte da vocação, não é
possível “ouvir” e muito menos “responder”. O seu “faça-se em mim segundo a tua
palavra” (Lc 1,38) é totalitário porque amadurecido na profundidade do seu ser
que, por sinal, é também humilde: “Eis a serva do Senhor” (Lc 1,38).
Quarta
característica: A vocação de Maria se concretiza pela ação do Espírito Santo
que encontra nela a disponibilidade, o desprendimento, a colaboração ativa (ver
Lc 1,35). Quando Deus chama e encontra disponibilidade da parte humana, age de
tal forma que o “impossível” vem superado como disse o arcanjo Gabriel: “Porque
para Deus nada é impossível” (Lc 1,37)
Quinta
característica: A resposta vocacional se traduz em compromisso alegre e
generoso em relação aos necessitados de nossos préstimos. Maria partiu às
pressas para a região montanhosa à procura de Isabel sua parenta que estava
grávida de João Batista, em idade avançada, e que, naturalmente, haveria de
precisar de seus serviços (cf Lc 1,39); na casa de Zacarias e Isabel prorrompe
em júbilo e louvor reconhecendo a ação maravilhosa de Deus em favor da
humanidade utilizando-se de sua humilde pessoa (cf. Lc 1,46-55). Igualmente nas
Bodas de Caná, percebe as dificuldades pelas quais passam os noivos quando vem
a faltar o vinho da festa (cf. Jo 2,1-5). Ela não se omite: “Eles não têm mais
vinho” (Jo 2,3).
Sexta
característica: A vocação inclui também a dor que é fecundidade. É a “poda”a
que todo ramo que produz fruto é submetido para que possa produzir ainda mais
fruto (cf Jo 15,2b). É a “poda” que faz rejuvenescer a vocação. Maria, conforme
a professia do velho Simeão (cf.Lc 2,35). O momento culminante de sua dor foi
junto à cruz do Senhor, quando “de pé” tudo suportou e ofereceu juntamente com
o Seu amado Filho, gerando em “dores de parto” a Igreja (cf Jo 19,25). Na
pessoa do “discípulo amado” estávamos nós também e aí ela se tornava nossa mãe
na ordem da graça, já que nos havia gerado na dor: “Mulher, eis aí o seu filho”
(Jo 19,25) e ao discípulo: “eis aí a sua mãe”.
Setima
característica: Na fidelidade à vocação Maria é mulher vitoriosa. Ela vence o
dragão porque Deus está com ela (ver Ap 12,13-17). Como foi obediente e
“praticou a Palavra” no discipulado de Jesus Cristo, entra também na posse do
Prêmio Eterno. Foi elevada à glória dos céus, na plena comunhão com a
Santíssima Trindade (dógma da Assunção ao Céu), de onde continua a interceder
por seus filhos e de onde é enviada em missão para chamar-nos à conversão. São
provas disso as suas manifestações no decorrer dos séculos, em geral
oficializadas e confirmadas em inumeráveis santuários marianos.
Espero
que este esboço possa ser útil. Certamente não é completo, mas serve como ponto
de partida. Que Maria, Mãe e modelo de todas as vocações, ajude você na
fidelidade à vontade Daquele o(a) chama por amor.
Bom Estudo para a sua equipe paroquial!
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